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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

TRAVESSIA AMERICANA - SERRA NEGRA - ESTRADA DOS MACAQUINHOS


O cicloturismo é uma das formas de viajar que eu mais aprecio, pois podemos observar a paisagem ao nosso redor, como se fosse um cinema interativo 360 graus!

O sol às vezes castiga, a poeira e a chuva incomodam, mas os benefícios disso tudo, a cromoterapia que a natureza  proporciona, enchem nosso coração de felicidade e nossos cérebros de endorfinas.


- Vamos até Serra Negra novamente para mapear o caminho por terra? Talvez a gente possa chegar até Socorro ou Bueno Brandão - o Paulinho convida.

- Claro, cicloviagem eu tô dentro!

Assim foi dada a largada para mais uma viagem de bicicleta, minha paixão.


Eu e Paulinho pesquisamos e imprimimos os mapas do percurso, na intenção de seguir por estradas de terra o máximo possível.

Já havíamos percorrido este caminho em agosto de 2011, mas pretendíamos fazer um percurso um pouco diferente daquele e também tínhamos a intenção de ir e voltar pedalando.


Faltando pouco mais de uma semana para o pedal, juntam-se a nós o Fabio e a Leriana, dois esportistas fortes, que fariam sua primeira viagem de bicicleta.

Fabio e Leriana

Seríamos seis malucos a sair pedalando de Americana rumo às montanhas do Circuito das Águas Paulista: Paulinho e sua namorada Luciana, a Denise Vida, o Fabio, a Leri e eu.

No bagageiro da bike poucas coisas além da tralha de camping e algumas roupas. No coração, muita disposição e alegria. 


A noite da véspera da viagem estava estrelada e a temperatura, muito agradável.

Estava na chácara da Praia dos Namorados e fiquei esperando a Denise, que veio de Sampa, chegando por aqui mais de onze horas da noite!

Conversa rápida e cama, pois o plano era começar o pedal antes do dia amanhecer.

Combinamos de passar na casa do Fabio/Leriana e esperar o Paulinho/Luciana na ponte do Salto Grande.


PRIMEIRO DIA

Estava escuro ainda quando chegamos na casa do Fabio e as primeiras luzes do dia chegavam quando nós seis estávamos perto da colônia Sobrado Velho, a caminho da Usina Esther.


Combinamos de parar na pracinha em frente à sede da usina para tomarmos o nosso café da manhã.
Ah, quase esqueço de contar que o Fabio levou pó de café, filtro melitta, um pote de mel, fogareiro e tudo o mais, além de muitas, muitas barrinhas de cereais.



Além disso, foi preciso realocar a bagagem do Fabio e da Leri, para que tudo ficasse mais acomodado e confortável para eles.

Somente às quinze para as oito da manhã seguimos o caminho, um estradão de terra vermelha, batido, com cana alta.

Rapidamente chegamos na Fazenda Battistela...

Fazenda Battistela

Visualizando o Cristo Redentor, que era nossa referência, desta vez seguimos à direita, pegando um subidão longo. 


O sol começava a mostrar todo o seu calor.

Goiabeiras carregadas nesta subida mereceram minha parada. 

Todos chegaram no final dela antes de mim, num pedaço de canavial sem sombra, e estavam pegando algumas canas para adoçar a boca. Ali mesmo comemos as goiabas, sem bichinhos, deliciosas!



Passamos por enormes estufas de flores. Havíamos chegado no território de Holambra, o paraíso das flores, mas demoraríamos um pouco ainda, até chegar à cidade.
Antes, teríamos outra subida, mas desta vez com bastante sombra, que deixa o caminho mais confortável.

Nossa passagem por Holambra incluiu a bicicletaria, para trocar a blocagem da bike da Luciana. 

Tudo certo, seguimos pela Rua das Dálias, com sol forte, poeira e muita fome.

Paramos na Churrascaria Deoclécius, na beira da Rodovia Campinas/Mogi-Mirim para almoçar (R$ 14,90 self-service).


Cansados e empoeirados, chegamos por ali ao meio dia e meio com 49km pedalados. A coca-cola daquele momento será inesquecível para mim!

Com o sol e a radiação fortes, paramos para descansar até as 15:40 horas.


Luciana, Denise, Eu e Leriana

Bem na nossa frente, outra estrada de terra nos aguardava. E lá fomos nós, com a paisagem um pouco diferente, ainda com muita cana, mas alguns laranjais. 


Terra vermelha, areia, subidas, alguma sombra... e nós procurando uma linha de trem desativada que passa em algum lugar por ali...

Visualizamos a linha do trem e encontramos a ponte que passa sobre ela!


A estrada começa a ficar mais bonita, com árvores e barulho de água passando por perto.




Paramos em frente a um pesqueiro, mas estava cedo para parar de pedalar. Então seguimos e logo chegamos numa estrada simples, que seria a Rodovia Jaguariúna-Posse.


Paramos para nos localizar e vimos moradores de uma casa próxima, curiosos conosco. Fomos até eles pedir informações e água fresca. 
Gente simples e prestativa que nos deram informações importantes do percurso a partir dali, já que nossos mapas estavam incompletos neste ponto.


Não entraríamos na cidade de Santo Antonio de Posse, como da outra vez. Seguiríamos por uma rota que inclui muitas fazendas e tentaríamos encontrar a Fazenda Palmital - antiga fazenda cafeeira, onde poderíamos acampar.

Seguindo a orientação dos locais, encontramos a rota e uma das placas indicava a Pousada Fazenda Boa Vista. Se ela ficasse mais perto do que a Palmital, seria nela que passaríamos a noite.





Uma estrada bonita...




De uma hora para outra as placas que indicavam a pousada desapareceram. Passamos por algumas fazendas e nada de encontrar a tal da Pousada Boa Vista!


Pedalando por aquelas estradas, contemplávamos a beleza do lugar...




Estávamos cansados e empoeirados e a escuridão da noite não tardava. 
A estrada ainda mais bonita com as longas sombras do entardecer...




Pedimos informação numa dessas fazendas grandes e bem cuidadas que precisam ter segurança. E pedimos permissão para acampar ali na entrada mesmo, antevendo uma noite sem banho.


Pelo interfone, o funcionário nos proibiu e disse que um pouco mais à frente encontraríamos um armazém, que tentássemos pedir abrigo lá.

O sol estava quase no poente...


No meio do lusco-fusco, chegamos à uma bifurcação e paramos uma kombi que vinha do sentido oposto. 
- Motorista, onde sai essa estrada? E ele: termina na rodovia que liga Amparo à Serra Negra.
- Tá muito longe de Serra Negra? E ele: falta uns 30km até lá.
- E o armazém, está longe? E ele: não, tá perto. É só descer essa estrada.

Aí já era noite fechada e só o Fabio tinha farol na bike. Eu e a Denise descemos aquela descida cascalhada segurando o freio no último com o farol de mão.

Quando chegamos no armazém, o proprietário fechava a última porta. Que sorte a nossa! Eram vinte para as nove da noite.

O Armazém da Figueira, do Emerson e da Mônica, como o nome diz, tem uma figueira enorme na entrada. É um lugar bem antigo, que fica na Estrada do Pantaleão.


Recebidos com educação e cortesia, pudemos tomar um delicioso banho frio e montamos nossas barracas num lugar coberto onde há uma mesa de bilhar. 
Além disso, a Mônica preparou pra gente duas deliciosas pizzas, feitas no capricho.

Onde montamos as barracas. Para quem estava achando que iria acampar na beira da estrada, foi bom demais!
Agora sim, pudemos relaxar, descontrair e rir dos perrengues que enfrentamos.

Neste primeiro dia pedalamos 79,54km.


SEGUNDO DIA


Nada como acordar e poder tomar um cafezinho feito na hora!
Valeu, Fabião!


Desmonta acampamento, carrega as bikes e... raio quebrado na bicicleta do Paulinho. Putz, o ritmo vai ser mais lento hoje...


Enquanto isso fui fazer umas imagens do lugar.






Saímos do armazém umas nove horas. 
Observamos algumas casas e até uma igreja.






O terreno arenoso e claro estava excelente para pedalar e já que estávamos mais devagar, resolvemos curtir a paisagem.








A Estrada Pantaleão, essa que percorríamos, tem muita história. Eu encontrei alguma coisa na net:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/p/pantaleao.html

Passamos pela sede da fazenda.








Paramos para conversar com a dona Jacira, que nos serviu um gostoso café. 



Olha só como é o lugar...






Mais duzentos metros e chegamos na Rodovia Antonio Cazalini, que nos levaria até a Rota de Queijo e Vinho, em Serra Negra.


Uma das muitas fazendas que encontramos pelo caminho


Uns cinco quilômetros depois, encontramos a placa indicando a distância até Serra Negra.



O pedal estava sendo muito prazeroso e a temperatura estava bem melhor que ontem. O primeiro dia foi muito quente e com terra vermelha. Hoje além de estar mais ameno, o terreno é mais claro.


Mais alguns quilômetros e estávamos mais uma vez no Sitio Bom Retiro.

Entrada do Sitio Bom Retiro


Vinhos, cachaças, suco de uva, café de boa origem, atendimento familiar aos turistas... a Família Carra é muito legal!

Eu e o Rafael Carra, que também costuma viajar de bike

O Fabio resolveu comprar um litro de cachaça e um litro de suco de uva, em garrafas de vidro, para levar de presente. Ai, ai, ai... na bike?

Bom, os presentes chegaram em Americana intactos!

E assim continuamos a subir em direção à Serra Negra, na boa. 
Lembram-se que a bike do Paulinho tá com a roda traseira ruim? Pois é... uma das regras do cicloturismo é a que diz que o comboio anda na velocidade do mais lento.

Paramos em frente ao Restaurante Rio das Pedras e resolvemos almoçar.


A comida é bem caseira (R$ 14,00 self-service) e o lugar, bem bonito.

Lugar do descanso após o almoço



Conversamos e, nesta hora, resolvemos que seria melhor ficar em Serra Negra por causa do problema na bike do Paulinho. 
Neste momento decidimos que não iríamos mais para Socorro.

A sombra do sitio Rio das Pedras estava boa e a cidade estava próxima. Relaxa!




Deixamos o sitio umas quatro e meia da tarde e seguimos tranquilos pela antiga ferrovia transformada em rodovia.

Cachoeira poluída na beira da estrada

A gente sabe que nos feriados as cidades turísticas lotam de gente e nosso receio era não encontrar lugar para ficar, uma vez que em Serra Negra não tem camping. Pelo menos nós não encontramos informação de camping em lugar nenhum.
Então, chegando na cidade, ficamos sabendo de um ginásio esportivo onde poderíamos pernoitar. E lá fomos nós...

Na portaria do ginásio pedindo abrigo. Ui!!!

Falamos com o zelador e ele deixou que a gente entrasse e procurasse um lugar para montar as barracas. Legal!


O lugar é bem bonito e, além disso, os vestiários possuem chuveiro quente!





Neste dia pedalamos 23km apenas.


Depois do banho e das barracas montadas, um gostoso café preparado pela Leriana alegrou o nosso bate-papo.




Resolvemos dar uma volta no centro da cidade, que estava lotada por causa do carnaval. Fomos de bike, claro.


Na lanchonete


Alma leve!!!


TERCEIRO DIA


Desmonta acampamento, monta as bikes, mais algumas imagens...







Ainda tinha o conserto da bike para ser feito. Saímos do ginásio por volta das 9 horas.


Foi fácil encontrar a Teacher's Bike! O Rogério foi muito prestativo e consertou a roda da bike do Paulinho... 




... enquanto tomávamos o café da manhã na padaria em frente.


Eu e a Denise esperando a bike ficar pronta


Aproveitamos para comprar algumas frutas porque já sabíamos que iríamos comer na estrada.


Dez e meia da manhã, tudo pronto, o Rogério nos informou sobre a Estrada dos Macaquinhos e... força no pedal!


Mais de seis quilômetros de subida dura no asfalto!






O fim do asfalto já mostra uma descida íngreme, cascalhada e perigosa.


Esta foto é só uma amostra da descida pois a pior parte não deu pra fotografar


Encontramos alguns bikers pedalando por ali pois esta estrada é bem procurada por ciclistas, e Serra Negra possui um grande número deles.


Quando a estrada fica mais fácil, encontramos uns bikers de Posse parados por causa de um pneu furado. Trocamos umas idéias com eles, que costumam pedalar ali e eles nos deram algumas informações.


Eles se despediram, mas não demorou muito os encontramos novamente, novamente com o pneu furado.




Mais à frente, passamos por uma linda fazenda centenária, com um lago e um terreiro enorme usado para secar café.
Até hoje as plantações neste lugar são de café.






Saindo da fazenda, iniciamos uma subida numa estrada linda!





Dava vontade de fotografar tudo!














A estradinha linda e sombreada terminou na mesma Rodovia Antonio Cazalini, cinco quilômetros acima da Fazenda Pantaleão.




Com muita atenção descemos esses cinco quilômetros cheios de curvas e chegamos novamente na Estrada do Pantaleão.


O sol estava quente e a gente já estava sonhando com aquela coca-cola geladíssima do Armazém da Figueira!


Mas quando chegamos lá, o armazém estava fechado...
Resolvemos abusar da hospitalidade e ocupamos as mesas, usamos o banheiro, a pia.


Pra nossa sorte, chegou um vizinho e o Emerson nos viu e abriu o lugar. Que bom!


O céu começou a acumular nuvens escuras e nós, depois de um descanso, reiniciamos o pedal em direção à cidade de Pedreira.


Eram 15:40 horas.




A mesma estrada que descemos na escuridão, agora era uma subida, longa e movimentada, levantando poeira.


Eu e a Denise chegamos no alto primeiro e eu aproveitei para fazer algumas imagens...








Depois da subida da Figueira, a estrada fica mais fácil, com várias descidas e visual muito bonito.










Chegando no acesso para Pedreira, pegamos uma subida longa numa estrada de asfalto nova. 


Denise's style




Eu não tenho a imagem, mas a Leriana subiu ela toda pedalando. A menina é muito forte!


Chegamos em Pedreira pelo bairro Marajoara, só descida até o centro da cidade e, novamente, precisávamos encontrar um lugar para dormir.


Paramos para tomar uma água de côco e perguntar sobre uma pousada.




Indicaram uma pousada logo à frente. Que bom!
Já era quase noite.




Neste dia pedalamos 43,60Km num sobe-e-desce.


QUARTO DIA


Começou a chover na madrugada. Ainda bem que estávamos abrigados!


De manhã a chuva diminuiu. Tomamos o nosso café da manhã, bem simples, e fomos até o quartinho nos fundos da pousada para preparar as bikes.




Calculamos que havia ainda uns 60km até Americana.


O astral alto colaborou com a escolha da estrada de terra para o retorno.


A chuva parou completamente quando saímos de Pedreira.






Passamos a ponte pênsil sobre o Rio Jaguari...








E encontramos uma estrada arenosa muito bonita e com bastante subida.




Paramos várias vezes para esperar o Paulinho e a Luciana.






E quando eles chegaram, estávamos num lugar muito bonito, com eucaliptos. Ficamos ali um pouco, comendo umas frutas, alongando...








A gente não sabia muito bem onde estava e foi legal ver uns caras de bike chegando!


Eles pararam, claro. Eram de Campinas e estavam fazendo o pedal do feriado.


Andamos um pequeno trecho com eles, que nos orientaram sobre o caminho que nos levaria até a Estrada da Rhodia.






O caminho passa em frente a uma antiga estação de trem...






E também em frente ao Hotel Fazenda Solar das Andorinhas...


Do centro de Pedreira até aqui foram apenas 16km!


Um pouco à frente encontramos o Restaurante Chão Caipira e resolvemos parar para o almoço.


Meu namorado, ambientalista roxo, iria odiar, pois este restaurante está dentro de uma APP e, além disso, construiu um espaço em cima do rio.




Ambientalmente saudável ou não, foi muito bom termos parado para almoçar!


Finalmente, depois de pedalar toda a Estrada dos Macaquinhos sem ver um sequer, aqui pudemos ver...




Voltamos ao pedal às 13:50 horas.


Passamos por baixo da linha do trem...




E pegamos uma subida longa, que termina em frente à Furnas.




A estrada que segue termina na Rodovia Campinas/Mogi-Mirim.




Passamos por baixo dela...




Pedalamos cerca de 1km pelo acostamento da rodovia e entramos na estrada da Fazenda Pau D'alho, próxima ao Centro Tecnológico de Campinas.




O tempo estava se preparando para uma tempestade, e nós estávamos indo em direção à ela.


Por sorte, a Denise viu um toldo na beira da Avenida Giuseppina di Napoli e nós pudemos nos abrigar lá.






Até café nós fizemos, enquanto a chuva caía.




A tempestade com vento custou a passar, mas ela foi diminuindo, diminuindo, e nós pudemos continuar o pedal, quase perto do Distrito de Barão Geraldo.




Quando chegamos na Estrada da Rhodia, a Denise decidiu que iria para a Rodoviária de Campinas pegar o ônibus para Sampa. Nos despedimos dela e seguimos, nós cinco, em direção à cidade de Paulínia.


Estrada da Rhodia


Portal de Paulínia


Eu, a Leriana e o Fabio nos depedimos do Paulinho e da Luciana e aceleramos o pedal rumo ao bairro João Aranha, que dá acesso ao bairro do Salto Grande, em Americana.


Ponte sobre o Rio Atibaia


Subimos rápido a avenida João Vieira e logo encontramos a saída para Americana.




A chuva tinha feito um estrago enorme por aqui...


Pedalando forte e desviando das enxurradas e das árvores caídas, chegamos novamente ao Sobrado Velho.
A Leriana estava sentindo um pouco o joelho e então nós resolvemos parar um pouco e tomar um isotônico.



Pra completar, uma subida enorme nos aguardava, antes de chegarmos na cidade. Mas depois de hidratados foi mais fácil!


Nos despedimos sem parar de pedalar, já no bairro Antonio Zanaga.


Eu ainda tinha alguns quilômetros de pedal até a Praia dos Namorados...


Cheguei às 19:30 horas com 69,27km de pedal.






Total de km's: 215,41




"É bom ter um fim para a jornada, mas é a jornada que importa no fim."
Ursula K. LeGuin





Até a próxima viagem sobre duas rodas...