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segunda-feira, 28 de março de 2011

PEDAL SOLITÁRIO DO SÁBADO

Eu disse pedal solitário?
Na verdade, ultimamente meus passeios de bike tem sido solitários.
E, verdade seja dita, eu gosto de pedalar sozinha, ouvindo meu som, meus pensamentos, fazendo meu caminho, no meu tempo.


Escolhi uma região que gosto muito, num circuito chamado sertãozinho.

Para chegar lá, encontro a divisa da cidade de Americana com Santa Bárbara D'Oeste e atravesso a ponte da balsa, sobre o Rio Piracicaba. Daí em diante já é o município de Limeira. Mais ou menos 13km de pedal até este ponto.


A partir da ponte encontro a estrada de terra e começo a passar entre chácaras e sitios, com criação de gado, cavalos, alguns laranjais e muita cana.



Embora esta região não seja montanhosa, o roteiro tem uma serrinha, pois Limeira tem altitude maior que Americana.


Neste pedal encontrei uma trilha um tanto embarreada por causa das últimas chuvas mas, por isso mesmo, técnico e estimulante.

Subi devagar, fotografando e curtindo o visual, mas sem empurra-a-bike.




















Enquanto isso o sol ardia e eram apenas 8 e meia da manhã.

Nenhum ciclista na trilha.

Pensei em parar no laranjal mais à frente, lá no alto já, um pomar de tangerinas, mas cadê ele? Foi transformado em canavial!
Que sina tem esta região!

Todo mundo sabe que o que sobe desce né...

A descida termina numa pequena vila, ou bairro, pertencente à Limeira, chamado Tatú, nome do ribeirão que passa por perto. Poluído, por sinal.



Antigamente, no tempo dos trens de passageiros, esta vila era bem movimentada por causa da estação, mas agora restam as casas, uma igreja, um pesqueiro e o bar da bocha cujo proprietário, Tio Vito ou Seu Armando, é amigo dos ciclistas e facilita a vida de todos nós. Quem pedala sabe que o "Bar da Bocha" é parada obrigatória para água, refri e um ou outro petisco. 
Dá até pra jogar bocha na paradinha do pedal!




















Depois de uma água gelada e de um pouco de conversa com Tio Vito, sigo o caminho em direção à minha cidade.

Passo pelo ribeirão Tatú, agora com ponte nova e, logo a seguir, a linha do trem.



A paisagem continua bonita, com terra clara, árvores grandes, canaviais e alguns pontos com erosões que dificultam a pedalada. 


Percebi que algumas nascentes afloraram com as chuvas e isso me deixou muito feliz!

De Tatú para Americana pego pelo menos duas subidas longas e, com o sol de frente, o pedal já começa a ficar cansativo.
 Muitos quilometros me aguardam... vamo que vamo!



Gostaria de poder passar por dentro de uma fazenda que tem por alí, com alamedas de castanheiras, um lago grande circundado de uma mata linda com um single-track fantástico mas o proprietário cercou a propriedade e homens armados circulam com cães e caminhonetes fazendo a ronda.



Antes, mesmo com esse aparato, nós que gostamos de pedalar pelo local, encontrávamos uma passagem, mas agora não tem mais jeito. 

Os seguranças, se nos encontram, soltam os cachorros e... salve-se que puder!

Que pena, sinto muita falta de passar pelas castanheiras, longos caminhos ladeados por essas belas árvores.
É o preço por se morar numa região tão densamente povoada.
Me contaram que o motivo da fazenda ter sido cercada, foi o aproveitamento inadequado e perigoso que alguns faziam do lago, havendo inclusive uma morte por afogamento. Fora o lixo que a "ignorância"  humana deixava pelo local.

Sigo a estrada de terra batida sem muitos encantos, somente canaviais e chácaras.


Uma longa descida, agradável, sombreada, que me levará ao final da trilha e ao inicio da "civilização".

Estradinha sendo recuperada

A trilha termina numa fábrica de celulose, cercada de área de reflorestamento com eucaliptos e trânsito de caminhões pesados.



















Esta fábrica fica ao lado do Rio Piracicaba e, desde o início de suas atividades tem sido um desastre para a cidade de Americana.

Neste local existia um bairro chamado Carioba, que nasceu junto com a indústria têxtil de Americana. 
Neste bairro moravam os trabalhadores da Fábrica de Tecidos Carioba. 
Foi a primeira localidade na América Latina a ter asfalto. 
Ali existiam escolas, cinema, farmácia, loja de secos e molhados, leiteria e o famoso Clube de Regatas Carioba. Totalmente abandonado e demolido no início dos anos 80 devido à dívidas do antigo proprietário, JJ Abdala, e, claro, ao fedor exalado pela fábrica de papel.

Por conta do trânsito de veículos pesados sobre a ponte inglesa, de ferro, em direção à fábrica de papel, foi necessário o investimento para uma nova ponte, dessas que os governos adoram, ou seja, caras e trabalhosas.

Hoje passei pela ponte velha, toda pintada de amarelo.


Mais uma subida, agora já no asfalto, sigo pela Avenida Carioba pensando no caldo de cana da Kombi azul do Roberto: o melhor e mais bem servido caldo de cana da região. É sério!


Com o sol já fritando os miolos penso que a melhor coisa é parar na sombra do famoso bambuzal da carioba e degustar meu caldo de cana.

Que raiva! Chego alí e encontro toda a extensão da avenida queimando. Uma fumaça sufocante me deixa puta da vida com os ignorantes ambientais que permeiam este planeta comigo. Ah, se eu tivesse visto o imbecil...

Ainda faltam 10km até a Praia dos Namorados, a maioria subida, mas eu aguento.



Chegada























Meu velocímetro marcou 45,33km em 3h05m.

Após uma ducha maravilhosa, fomos almoçar na orla da praia, no visual mais bonito da cidade.

AMO MUITO TUDO ISSO!!!!!!



Até a próxima!

Um comentário:

  1. poxa Marlene.......fiquei com vontade de dividir com você um pouquinho da sua alegria e do seu caldo de cana......sei que é legal meditar andando de bike......mas qqer dia me chama e a gente troca idéias ciclisticas no meio dessas maravilhas ai.....!!! beijos

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